• 4001

    4001

    O monumento estava encoberto por riscos e manchas cuja combinação parecia ter sido planejada para desagradar a qualquer eventual observador. Do formato original, pouco se podia adivinhar, pois uma quantidade exorbitante de lixo mesclava-se às extremidades da obra e impedia a identificação imediata de seu contorno. Haviam lhe informado, entretanto, que o monumento era um… Leia mais…

  • Árvore

    Árvore

    O mundo estava calmo e cheio de si na tarde que acabara de começar; o céu, despido pelo sol escaldante da África, pendia abstrato sobre uma paisagem quase estática e empoeirada, esculpida em tons de sépia. Os movimentos eram poucos, os animais vagavam com seus corpos lânguidos, e, relutantes, absorviam a aridez que vertia flutuante. A respiração… Leia mais…

  • Pollock

    Pollock

    Somos seres limitados. Nossa percepção nos obrigada a acreditar que o tempo é linear, dividido em passado, presente e futuro. Nessa dinâmica, há uma sucessão natural de eventos; o trigo brota, cresce e seca. Pular fora do determinismo dessa moldura é cair numa caixa de incertezas. Imagine que transgredir, aqui, significa ignorar as sombras dançantes nas paredes da caverna e… Leia mais…

  • Câmera

    Câmera

    Quando a câmera não existe, a vida segue rindo de si, desinibida, roliça sobre os sofás do mundo. Movimentos começam e terminam sem o drama da representação. Há significado, mas ele é remoto, fora de alcance. O ser humano é o elemento problematizador, por vezes cíclico, não raro crítico de suas ações. A lente é o instrumento… Leia mais…

  • Sombras que correm

    Sombras que correm

    Cachorros latindo no entardecer. Sensação trazida pela brisa leve que cai com a noite. Farfalhar de folhas secas ao vento. Um estalido lá longe. Mais perto. Arrepio que brota na pele quando encaro o limite de uma floresta. Foi o que ela me disse em um fim de tarde qualquer, da rigidez estrepitante de sua cadeira de… Leia mais…

  • Rio de tempo

    Rio de tempo

    Caminho pelos emaranhados becos da antiquíssima cidade, que repousa adormecida sob o manto da madrugada. Tenho a sensação de ouvi-la inspirar e expirar ritmicamente; um movimento de pulmões imaginários que tento acompanhar. Inalo com prazer seu ar puro e fresco, fresco e cítrico, já rarefeito em outras partes deste mundo. O perfume que o lugar… Leia mais…