DANÇAMOS AO RITMO DA MELODIA SELVAGEM

Enquanto seres dotados de vontade e senciência, de impulsos e desejos, de enraizadas crenças e aspirações abstratas, nos engajamos em uma perpétua busca de significados, de experiências e de sensações que nos lancem para fora da órbita cotidiana das amenidades. Mesmo que apenas por alguns momentos, almejamos ser arrebatados, surpreendidos.

Estufamos o peito e saímos à procura do que sentimos ser nosso por direito. Escavamos e destrinchamos, em memórias e diálogos, em referências visuais, musicais e sensoriais, instrumentos que possibilitem a expansão de fronteiras já obsoletas, outrora tidas como intransponíveis.  Vamos à caça de horizontes mais longínquos. Lutamos por espaço e por paradigmas frescos, ainda que desafiadores.

Ao pisar na rua, ouvimos nosso nome soprado no vento, sussurrado por uma voz selvagem, sedutora, familiar. Do outro lado de cada porta, de cada cerca, de cada floresta, há uma canção ancestral que nos atrai, que nos chama, que nos faz enfrentar nossos medos mais profundos e disparar em sua direção.  Essa melodia brota da própria terra, embala nossos movimentos, e é ao seu ritmo que queremos dançar.

Essa melodia brota da própria terra, embala nossos movimentos, e é ao seu ritmo que queremos dançar. Para repor nosso estoque de sonhos, de potencial, de esperança, trilhamos caminhos errantes que nos levam a explorar os cantos mais insólitos da vasta superfície terrestre.

Somos as crianças curiosas e indefesas que erguem as mãos na tentativa de tocar o sol, a fonte do calor. Assim, moldamos as perguntas às múltiplas, sempre múltiplas, respostas que nos cercam. Vislumbramos o conhecimento, apenas para dispensá-lo no minuto seguinte. 
Como afirmou Saramago, com sua invejável mania de escrever a realidade, “o homem primeiro tropeça, depois anda, depois corre, um dia voará”!